domingo, 11 de setembro de 2011

Princípio Específico de defesa: Contenção

       Sempre que uma equipa perde a posse de bola, passa a ter como objetivos fulcrais a recuperação da mesma e a defesa da baliza. O cumprimento ou persecução desses objetivos requer uma mudança rápida duma atitude ofensiva para uma atitude defensiva


        Princípio específico de defesa: Contenção


       Este princípio indica que o atacante de posse da bola deve ser rigorosamente marcado, seja ele quem for e por se movimente, pelo defesa que estiver mais próximo. Existem quatro objetivos fundamentais para a realização da marcação permanente sobre o portador da bola.

  • Recuperar a posse da bola;
  • Impedir o relançamento do processo ofensivo da equipa adversária, seja a partir do contra-ataque ou o ataque rápido;
  • Ganhar tempo suficiente para realizar a recuperação defensiva e organizar o método defensivo da equipa;
  • Desviar o centro de jogo para espaços menos perigosos e maior facilidade na recuperação da bola.

       Na marcação do adversário com bola, existem oito fatores que se devem ter em conta:

  • Colocação do defesa em contenção em relação ao portador da bola. Esse defesa deve manter-se sempre entre o portador da bola e a baliza. O posicionamento continuo entre o portador da bola e baliza é a chave para um processo defensivo efetivo na defesa da baliza. Essa colocação pode também determinar a marcação que é feita ao portador da bola:

  • Se o atacante está a jogar de costas para a baliza, a marcação é feita por trás e é importante não deixar o mesmo rodar, além de obrigá-lo a ir em direção à sua própria baliza;
  • Ao lado do atacante, sempre que este desenvolva ações nas laterais do terreno, e, sempre, pelo lado de dentro do campo;
  • De frente para o atacante de este estiver em posição frontal à baliza.
  • Velocidade de aproximação ao adversário com bola. O defesa em contenção deve aproximar-se do portador da bola em máxima velocidade e chegar muito perto dele. Ao chegar perto do atacante, deverá reduzir a velocidade, pois se não o fizer terá certas dificuldades em reagir adequadamente à iniciativa do atacante e será facilmente ultrapassado;

  • Angulo de aproximação ao portador da bola. O ângulo de aproximação é variável e determinado por duas condicionantes:
  • A obrigatoriedade do defesa em colocar-se entre a bola e a baliza;
  • A previsão das intenções táticas do atacante, que podem ser passar, driblar ou rematar.
  • Posição base do defesa. A eficácia da intervenção no jogo é determinada por um fator essencial: a posição de base. Deve ser exigida continuamente a todos os jogadores em processo defensivo por duas razões:
  • Uma motora: confere maior equilíbrio e estabilidade ao jogador;
  • Outra psíquica: Confere maior atenção e concentração, conferindo uma reação rápida.7
       A posição base deve proporcionar uma boa base de sustentação do corpo, conseguida através duma flexão ligeira da articulação dos joelhos, que deverão projetar-se sobre uma linha oblíqua em relação ao atacante, de forma a que o defesa, se for ultrapassado, possa rodar rapidamente em direção à própria baliza.

       A partir da posição de base e em função da capacidade de progressão do atacante, o defesa deverá deslizar em direção à sua baliza, mantendo a planta dos pés em contato com o solo. Esse deslocamento deve ser efetuado usando sempre o mesmo e o mais forte apoio.
Da mesma fora, o defesa deve manter permanentemente a estabilidade da sua posição, procurando não reagir às simulações do atacante e resistindo à tentação de desarmá-lo deslizando pelo chão. Essa ação deverá ser usada apenas em situações extremas ou quando o defesa tem fortes probabilidades de ganhar a posse de bola.

  • Distância entre o defesa em contenção e o atacante em penetração. Existem fatores que varias essa distância:
  • Da capacidade de desarme do defesa: quanto maior for a capacidade de desarme, menor deverá ser a distância entre o atacante e o defesa;
  • Da capacidade técnico-tática do atacante: quanto maior for essa capacidade, maior deve ser a distância entre os dois jogadores;
  • Da zona do terreno onde decorra a ação: quanto menor for a distância entre o atacante e a baliza, mais agressiva e pressionante deve ser a marcação;
  • Da posição do atacante em relação à baliza adversária: se o atacante estiver de frente para a baliza adversária, a distância entre os dois jogadores deve ser menor. Caso contrário, se o atacante estiver de costas ou de lado, a distância deve ser menor;
  • Da existência de ações de cobertura defensiva: a existência de um segundo defesa permite ao defesa em contenção ser mais agressivo, pois sabe que se for ultrapassado, o seu companheiro assumirá de imediato a sua função;
  • Da existência de ações de cobertura ou apoio ao atacante sem bola: se existirem essas ações, a distância de marcação deverá ser maior para evitar ser imediatamente ultrapassado, devido à superioridade numérica dos atacantes. Assim, com uma marcação mais distante, procura-se retardar ao máximo o desenvolvimento das ações ofensivas.
  • Observar a bola e ser paciente.O defesa deve observar a bola permanentemente e não o atacante, para reagir em função do objeto e não do jogador.
            Uma vez posicionado corretamente, o jogador em contenção deverá procurar ser paciente para não realizar ações precipitadas, principalmente:

  • Nos momentos em que se podem observar desequilíbrios na organização defensiva da equipa, que geralmente acontecem logo após a perca da bola ou quando os atacantes realizam deslocamentos em rotura para espaços vitais do jogo. Assim, o defesa em contenção deve retardar qualquer ação do atacante ao máximo, de maneira a que os companheiros disponham de tempo suficiente para realizar uma recuperação defensiva completa;
  • Nas situações do último defesa. Nessas situações, o defesa em contenção deve evitar o desarme, salvo raras exceções, que são quando o atacante está prestes a criar uma situação de finalização. Fora isso, a ação do atacante com bola deve ser também retardada ao máximo.
  • Tomar a iniciativa. Geralmente, o vencedor de situações de 1x1 é o primeiro a tomar uma iniciativa. Embora o atacante esteja em vantagem nestas situações, o defesa deve também tentar assumir a iniciativa. O defesa realiza essa ação:
  • Marcando agressiva e pressionantemente o atacante quando este recebe a bola de costas para a baliza, com o objetivo de obrigá-lo a jogar para trás ou para o lado.
  • Simulando o desarme. O defesa em contenção pode realizar esta ação, seja para que o atacante se preocupe mais com a proteção da bola do que com o ataque ao defesa, seja para induzi-lo a tirar a bola do alcance do defesa e ao fazê-lo pode perder o seu controlo;
  • Procurando conduzir o portador da bola para os corredores laterais, onde as ações ofensivas são reduzidas (ângulo de remate mais reduzido, menor número de jogadores em condições para receber o objeto do jogo e o jogo ofensivo é mais previsível);
  • Procurando escolher, o momento certo para tentar o desarme.
  • Determinação e coragem. Quando um defesa se desloca para recuperar a bola, deve fazê-lo com velocidade, precisão, timing, determinação e coragem. Como nos diz Hughes, o jogo de futebol é um conjunto de situações de 1x1 por todo o campo, que envolvem velocidade, técnica, contato físico, determinação e coragem. A essa situações, sabe-se ainda que a equipa que mais vezes a ganhar, será a equipa que terá maior domínio psicológico sobre o adversário.

Assim vos apresento o primeiro princípio de defesa no centro de jogo.


Um grande abraço,
Valter Correia

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